Disse a uma pessoa, há uns anos atrás, que escrevia quando uma espécie de tristeza me feria e, do modo mais terapêutico possível, conseguia navegar à bolina em plena tempestade. Desta vez isso não aconteceu, já que cada palavra registada era uma lâmina de dissecção aos pensamentos que desejava tornar remotos. Até hoje.
Enveredei por um caminho onde usava uma capa ilusória de bem-estar e concretização pessoal. Era sincera mas não suficientemente confortável nem verdadeira. Insisti nela porque os outros me diziam ser a alternativa perfeita para ultrapassar a injustiça. A psicanálise diz que a injustiça é o sentimento mais difícil de superar, quando somos condenados sem culpa. A minha análise diz-me que a injustiça está patente em cada sentimento que me eleva a um estado acabrunhante. E mesmo assim dizem-me para sorrir com cara de palhaço.
Pois bem isso acabou. Não vou simular estar bem quando para isso recorro a milhares de minutos em conversa com os meus amigos que, desesperadamente, tentam mostrar o que ainda sobra de positivo. Finalmente eu já vi isso.
A minha personalidade da qual se destaca a teimosia, a arrogância, a FRONTALIDADE, a SINCERIDADE obrigam-me a entender que todas as derrotas enfrentadas até aqui, as declarações de injustiça magoam-me e marcaram-me acima de tudo. Sim, porque abdico qualquer sentimento de culpa que até então obrigava a consumir por mil e uma razões que o meu intelecto impunha. Não, eu não tive culpa alguma: permiti a essa pessoa uma liberdade que até então não havia experimentado, demonstrei que a simplicidade era um caminho interessante, ensinei a amar acima de qualquer circunstância que nos quisesse derrubar, estive lá nos momentos de lágrimas. Fiz mais do que outrem, fiz o que deveria fazer e de nada me arrependo. No fim eu perdi, contudo a minha força de vontade quis que lutasse por uma última vez. E voltei a perder. Pela última vez. Sei que fui a ressaca, a distracção, o fascínio. Contudo fui tudo isso para o outro lado, pois assumi uma postura que anulava tudo isso. A minha parte foi feita e concluída e orgulho-me sinceramente disso.
Segui em frente, conheci pessoas maravilhosas, conheci pessoas que defenderam a reputação estragada. Mudei de perfume, evito passar em determinados lugares, tento não referir determinados conceitos, apaguei bandas sonoras e fotografias, não por medo, mas por respeito ao termo que se apresenta como passado. Apareceram amigos que nunca pensei existirem e neste momento é a eles que lhes devo respeito. Como tal, o assunto está, a partir de hoje, encerrado. Deixei de encarnar a máscara do estar a conseguir lidar bem com a situação pois tal não corresponde ao que sinto. Seja como for, tudo isto irá passar, mas orgulho-me muito por, no meio da fraqueza e da desilusão, conseguir assumir tudo o que se passa comigo. Isso faz de mim um ser humano, faz de mim uma pessoa melhor.
Assim, a todos os meus amigos que não vou enumerar porque daqui a alguns segundos estarei a procurar-vos, fica a promessa que o assunto terminou. Chega de interrogações, chega de teorias para tentar entender o que se passou, chega de falar sobre alguém que abandonou. A partir de hoje quero ser feliz com vocês. Hoje e daqui em diante, escolho-me a mim.
Às pessoas que fizeram jogo duplo e que se contentaram com este estado, parabéns, derrubaram um castelo de cartas, e a essas pessoas peço, mais, suplico distância e desprezo. Este texto é para os meus AMIGOS sejam amigos de anos, ou sejam amigos de dias, é para eles. A eles devo-lhes um pedido sincero de desculpas porque lutaram contra mim apenas para me reerguer e para me encontrar. E só a eles permito comentários e opiniões. Este texto fica encerrado a qualquer outra pessoa!